
Por Purneś
Após a nova formatação deste site, que tem como finalidade principal promover e divulgar as atividades da Unidade Mestra Ānanda Kīrtana, nós recebemos algumas indagações acerca da transliteração dos termos e nomes próprios em sânscrito. O texto que se segue pode jogar alguma luz sobre o tema.
O sânscrito é a língua-mãe das escrituras sagradas da Índia antiga e seu sistema fonológico é grafado em caracteres devanāgarī, que significa Escrita da Cidade dos Deuses, uma alusão a atual cidade de Varāṇasī ou Benares.
A transliteração dos fonemas sânscritos para os idiomas que usam o alfabeto romano utiliza caracteres especiais conforme a regra internacional de transliteração das línguas indo-européias. Entretanto, a maioria dos textos traduzidos não segue esta regra de transliteração, preferindo outra apropriada à pronúncia de cada país ou ainda conforme o entendimento do autor. Ambas as formas têm suas vantagens e desvantagens. A principal desvantagem da não utilização de uma regra internacional é a diversidade de grafias, para um mesmo nome, que pode causar certa confusão para leitores ainda não acostumados com as filosofias da Índia e buscam conhecimento em vários textos.
O sânscrito consta de quatorze vogais e trinta e seis consoantes, o que o torna um tanto hermético para os não iniciados: os nuances de pronúncia chegam a ser imperceptíveis aos ouvidos desabilitados. Conseqüentemente, muitos de seus sons são irreproduzíveis em outros idiomas. Não possui acentuação marcada ou forte, mas apenas uma sucessão de sílabas curtas e longas, com inflexões tônicas e musicais. O traço horizontal (macron) sobre a vogal implica em alongamento. A pronúncia figurada é dada abaixo, segundo a ordem do alfabeto sânscrito, ou melhor, silabário.
Os termos que aparecem nos textos deste site são transcritos na forma original conforme a transliteração adotada pela Convenção de Genebra de 1894. A terminação em a reserva-se exclusivamente às palavras masculinas ou neutras; o final i ou ā pode ser tanto feminino quanto masculino ou neutro, enquanto as palavras terminadas em ī são, na maioria, femininas. Os o e e pronunciam-se sempre fechados. As palavras em nossos textos que seguem esta convenção estão sempre em itálico, com exceção dos nomes próprios.
Chave de transliteração internacional – a relação a seguir demonstra os caracteres de grafia internacional e sugere a pronúncia destes caracteres, conforme os sons da língua portuguesa.
Vogais e ditongos:
a अ aberta, curta, como em tatu (pūrṇa);
ā आ aberta, longa, como em arte (prāṇa);
e ए fechado, como em dedo (asteya);
i इ curta, como em idéia (Śiva);
ī ई longa, como em ali (nāḍī);
o ओ fechado, como em iodo (Yoga);
u उ curta, como em união (udāṇa);
ū ऊ longa, como em açude (kūṁbhaka);
ai ऐ ditongo, como em vai (kaivalya);
au औ ditongo, como em pauta (nauli);
ṛ ऋ pronuncia-se no falar caipira, porta (ṛṣī);
ṝ ॠ pronuncia-se como em marítimo (ṝkāra);
ḷ (lṛ) ऌ pronuncia-se como em inglês, revelry (ḷtaka);
ḹ (lṝ) ॡ pronuncia-se como em inglês, revelry, mas prolongado (ḹkāra);
Consoantes:
ka क como em Karina (karma);
kha ख aspirada, como no inglês, broke-heart (Sāṁkhya);
ga ग gutural, como em guirlanda (Gītā);
gha घ aspirada, como no inglês, big-house (Gheranda);
ṅa ङ nasalizando a vogal precedente (aṅga);
ca च pronuncia-se como em tchê (citta);
cha छ também como tchê, mas prolongado (mūrchā);
ja ज palatal, pronuncia-se como Djalma (japa);
jha झ palatal, como no inglês, hedgehog (jhali);
ña ञ unicamente antes ou depois de consoantes palatais, como senha (jñāna);
ṭa ट com a língua no palato, como no inglês, true (aṣṭāṅga);
ṭha ठ dental aspirada, como no inglês, lighthouse (haṭha);
ḍa ड com a língua no palato, como no inglês, drum (danḍa);
ḍha ढ com a língua no palato, como no inglês, redhaired (Ḍhuṇḍi);
ṇa ण como no inglês, done (prāṇa);
ta त com a língua na raiz dos dentes, como em terra (Tantra);
tha थ com a língua na raiz dos dentes, como no inglês, foot-hook (sthiraṁ);
da द dental, como em dilúvio (dasanāmi);
dha ध dental, como no inglês, bloodhorse (dhāraṇā);
na न dental, como em nota (ānanda);
pa प labial, como em posto (pūraka);
pha फ labial aspirada, como no inglês, top-half (phāla);
ba ब labial, como em bomba (bandha);
bha भ aspirada, como no inglês, nib-head (bhūta);
ma म em início de palavra ou após uma vogal, tem som labial, como em mãe (mantra); entre consoantes, é nasalizada, como em também (saṁskāra);
ya य semivogal: pronuncia-se como o i em viola (Yoga);
ra र sempre como se estivesse no meio da palavra, como em vidro (rāja);
la ल como em iluminar (kuṇḍalinī);
va व em início de palavra ou após uma vogal, pronuncia-se como em volta (vāsaṇā); entre consoantes, pronuncia-se como o w em narrow no inglês (tattva);
śa श tem som de sh, como em Sheila (Śiva);
ṣa ष tem som de sh, como em bush (Kṛṣṇa);
sa स tem som de ss, como em passo (āsana);
ha ह sempre aspirado, como em happy (anāhata);
z, q, f são letras e sons que não existem em sânscrito. Têm origem pesa e foram assimilados durante a invasão mulçumana. Exemplo: faquir.
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