12 de maio de 2009

Sobre a utilização dos termos sânscritos


Por Purneś

Após a nova formatação deste site, que tem como finalidade principal promover e divulgar as atividades da Unidade Mestra Ānanda Kīrtana, nós recebemos algumas indagações acerca da transliteração dos termos e nomes próprios em sânscrito. O texto que se segue pode jogar alguma luz sobre o tema.

O sânscrito é a língua-mãe das escrituras sagradas da Índia antiga e seu sistema fonológico é grafado em caracteres devanāgarī, que significa Escrita da Cidade dos Deuses, uma alusão a atual cidade de Varāṇasī ou Benares.

A transliteração dos fonemas sânscritos para os idiomas que usam o alfabeto romano utiliza caracteres especiais conforme a regra internacional de transliteração das línguas indo-européias. Entretanto, a maioria dos textos traduzidos não segue esta regra de transliteração, preferindo outra apropriada à pronúncia de cada país ou ainda conforme o entendimento do autor. Ambas as formas têm suas vantagens e desvantagens. A principal desvantagem da não utilização de uma regra internacional é a diversidade de grafias, para um mesmo nome, que pode causar certa confusão para leitores ainda não acostumados com as filosofias da Índia e buscam conhecimento em vários textos.

O sânscrito consta de quatorze vogais e trinta e seis consoantes, o que o torna um tanto hermético para os não iniciados: os nuances de pronúncia chegam a ser imperceptíveis aos ouvidos desabilitados. Conseqüentemente, muitos de seus sons são irreproduzíveis em outros idiomas. Não possui acentuação marcada ou forte, mas apenas uma sucessão de sílabas curtas e longas, com inflexões tônicas e musicais. O traço horizontal (macron) sobre a vogal implica em alongamento. A pronúncia figurada é dada abaixo, segundo a ordem do alfabeto sânscrito, ou melhor, silabário.

Os termos que aparecem nos textos deste site são transcritos na forma original conforme a transliteração adotada pela Convenção de Genebra de 1894. A terminação em a reserva-se exclusivamente às palavras masculinas ou neutras; o final i ou ā pode ser tanto feminino quanto masculino ou neutro, enquanto as palavras terminadas em ī são, na maioria, femininas. Os o e e pronunciam-se sempre fechados. As palavras em nossos textos que seguem esta convenção estão sempre em itálico, com exceção dos nomes próprios.

Chave de transliteração internacional – a relação a seguir demonstra os caracteres de grafia internacional e sugere a pronúncia destes caracteres, conforme os sons da língua portuguesa.

Vogais e ditongos:

a aberta, curta, como em tatu (pūrṇa);

ā aberta, longa, como em arte (prāṇa);

e fechado, como em dedo (asteya);

i curta, como em idéia (Śiva);

ī longa, como em ali (nāḍī);

o fechado, como em iodo (Yoga);

u curta, como em união (udāṇa);

ū longa, como em açude (kūṁbhaka);

ai ditongo, como em vai (kaivalya);

au ditongo, como em pauta (nauli);

pronuncia-se no falar caipira, porta (ṛṣī);

pronuncia-se como em marítimo (ṝkāra);

ḷ (lṛ) pronuncia-se como em inglês, revelry (ḷtaka);

ḹ (lṝ) pronuncia-se como em inglês, revelry, mas prolongado (ḹkāra);

Consoantes:

ka como em Karina (karma);

kha aspirada, como no inglês, broke-heart (Sāṁkhya);

ga gutural, como em guirlanda (Gītā);

gha aspirada, como no inglês, big-house (Gheranda);

ṅa nasalizando a vogal precedente (aṅga);

ca pronuncia-se como em tchê (citta);

cha também como tchê, mas prolongado (mūrchā);

ja palatal, pronuncia-se como Djalma (japa);

jha palatal, como no inglês, hedgehog (jhali);

ña unicamente antes ou depois de consoantes palatais, como senha (jñāna);

ṭa com a língua no palato, como no inglês, true (aṣṭāṅga);

ṭha dental aspirada, como no inglês, lighthouse (haṭha);

ḍa com a língua no palato, como no inglês, drum (danḍa);

ḍha com a língua no palato, como no inglês, redhaired (Ḍhuṇḍi);

ṇa como no inglês, done (prāṇa);

ta com a língua na raiz dos dentes, como em terra (Tantra);

tha com a língua na raiz dos dentes, como no inglês, foot-hook (sthiraṁ);

da dental, como em dilúvio (dasanāmi);

dha dental, como no inglês, bloodhorse (dhāraṇā);

na dental, como em nota (ānanda);

pa labial, como em posto (pūraka);

pha labial aspirada, como no inglês, top-half (phāla);

ba labial, como em bomba (bandha);

bha aspirada, como no inglês, nib-head (bhūta);

ma em início de palavra ou após uma vogal, tem som labial, como em mãe (mantra); entre consoantes, é nasalizada, como em também (saṁskāra);

ya semivogal: pronuncia-se como o i em viola (Yoga);

ra sempre como se estivesse no meio da palavra, como em vidro (rāja);

la como em iluminar (kuṇḍalinī);

va em início de palavra ou após uma vogal, pronuncia-se como em volta (vāsaṇā); entre consoantes, pronuncia-se como o w em narrow no inglês (tattva);

śa tem som de sh, como em Sheila (Śiva);

ṣa tem som de sh, como em bush (Kṛṣṇa);

sa tem som de ss, como em passo (āsana);

ha sempre aspirado, como em happy (anāhata);

z, q, f são letras e sons que não existem em sânscrito. Têm origem pesa e foram assimilados durante a invasão mulçumana. Exemplo: faquir.

0 comentários: